Horário de verão pode voltar ainda em 2024. Veja os motivos

Horário de verão pode voltar ainda em 2024. Veja os motivos

O horário de verão pode estar prestes a retornar em 2024, após ser suspenso em 2019. O governo federal, diante de uma das maiores secas já registradas no Brasil, está considerando reintroduzir a medida. Nesse sentido, a volta é vista como uma solução para otimizar o consumo de energia. O Ministério de Minas e Energia (MME) está finalizando um estudo para avaliar a viabilidade do retorno do horário de verão. Esse levantamento, esperado para ser concluído nos próximos dias, analisará a necessidade da mudança e seu impacto no cenário energético. Ao mesmo tempo, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) planeja uma reunião para discutir as opções disponíveis para enfrentar a seca. Além disso, eles vão analisar os seus efeitos diretos nos reservatórios hidrelétricos.

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Recentemente, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgou um boletim que trouxe preocupações adicionais sobre o cenário energético do país. A previsão para a demanda nacional de energia em setembro foi aumentada. Nesse sentido, aumentou ao passo que os níveis dos principais reservatórios hidrelétricos caíram mais do que o previsto inicialmente. Segundo os dados divulgados na sexta-feira (13), a previsão para a carga de energia no Sistema Interligado Nacional (SIN) foi elevada para 79.679 megawatts médios. Ainda mais, esse valor é um crescimento de 3,2% em relação a setembro de 2023. A expectativa anterior apontava um aumento de apenas 1,5%. No entanto, os reservatórios das hidrelétricas do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, regiões que concentram grande parte da capacidade de geração hidrelétrica do Brasil, devem atingir apenas 46,9% de sua capacidade até o final de setembro. Esse número é inferior à previsão de 47,4% feita uma semana antes.

Horário de verão tem volta sugerida pelo ministro Alexandre Silveira

Com base nesse cenário, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, tem sugerido a volta do horário de verão como uma alternativa viável. Durante declarações recentes, ele mencionou que a proposta será levada à Casa Civil. Embora o ministro ainda não tenha especificado datas, ele destacou a necessidade de um planejamento detalhado antes de reintroduzir o horário de verão. Segundo Silveira, essa medida pode ser uma ferramenta estratégica para enfrentar a crise hídrica e garantir a segurança energética do país.

A ideia por trás do horário de verão é simples. Do mesmo modo, é adiantar o relógio em uma hora durante os meses de primavera e verão, aproveitando melhor a luz solar natural. Bem como, reduzindo, consequentemente, o consumo de energia elétrica no período noturno. Em diversos países, essa prática é adotada com o objetivo de gerar economia no uso de eletricidade. No Brasil, a primeira vez que o horário de verão foi instituído ocorreu em 1931. Nesse sentido, foi um decreto assinado pelo então presidente Getúlio Vargas. Desde então, a medida foi aplicada de maneira intermitente ao longo dos anos. Em 1985, o presidente José Sarney implementou a medida de forma contínua. Assim, ela se manteve até 2019, quando foi suspensa pelo governo de Jair Bolsonaro.

Justificativa do governo na época

A justificativa do governo à época para suspender o horário de verão foi a conclusão de que a economia gerada era insuficiente para compensar os impactos negativos no relógio biológico da população. Estudos indicavam que o ganho em termos de economia de energia havia diminuído ao longo dos anos, devido à mudança nos hábitos de consumo e à adoção de novas tecnologias. No entanto, diante da atual crise hídrica, Alexandre Silveira argumenta que é necessário reconsiderar essa avaliação. “Com a escassez de água, em especial no período de pico, entre 18h e 20h, a falta de energia solar e a redução na produção de energia eólica nos obrigam a recorrer à geração de energia térmica, o que encarece o processo”, explicou o ministro.

Além disso, Silveira destacou que o contexto atual é diferente daquele de 2019. Hoje, o setor elétrico brasileiro conta com um caixa de R$ 9 bilhões para investimentos nas distribuidoras de energia, o que proporciona mais segurança financeira para o setor. Contudo, ele salientou a necessidade de aumentar a resiliência do sistema elétrico brasileiro e de garantir a segurança energética a longo prazo. Para o ministro, a reintrodução do horário de verão pode ser uma das medidas para alcançar esses objetivos, além de permitir um planejamento adequado para o futuro, considerando o cenário de 2026.

Embora o retorno do horário de verão possa ajudar a evitar uma crise energética, Silveira deixou claro que a decisão final cabe ao Palácio do Planalto. Ele também mencionou que a volta da medida pode beneficiar setores como o comércio e o turismo, que tendem a se beneficiar dos dias mais longos, especialmente nas regiões turísticas do país. Segundo o ministro, a combinação de segurança energética e impulso à economia pode justificar o retorno do horário de verão em 2024.

Especialista comenta

Apesar dos argumentos favoráveis à volta do horário de verão, a medida não está isenta de controvérsias. Muitas pessoas acreditam que o impacto positivo no consumo de energia não é significativo o suficiente para justificar a mudança, especialmente considerando os potenciais efeitos negativos na saúde. O ajuste no relógio interno das pessoas, causado pela mudança de horário, pode levar a distúrbios no sono e afetar o bem-estar geral, segundo especialistas. Outros, no entanto, defendem que a medida ajuda a reduzir o consumo de eletricidade, principalmente no horário de pico.

Um dos pontos de debate mais frequentes está relacionado à efetividade real do horário de verão. O professor de engenharia elétrica da Universidade de São Paulo (USP), João Silveira, observou que, em 2024, o consumo de energia elétrica tem se mantido elevado, impulsionado por temperaturas acima da média e pela falta de chuvas, o que exige uma maior demanda por eletricidade. Ele mencionou que, mesmo com o horário de verão, o impacto na redução do consumo pode ser limitado, dado o cenário climático atual. Contudo, o professor também reconheceu que a medida pode trazer benefícios indiretos, como a conscientização sobre o uso racional de energia e o aumento da eficiência no consumo durante os horários de maior demanda.

Por fim, resta ao governo federal pesar os prós e contras dessa decisão. O retorno do horário de verão em 2024 poderia, ao menos em parte, ajudar a enfrentar o desafio de garantir energia suficiente em um período de crise hídrica. No entanto, será fundamental que o debate leve em consideração tanto os impactos no sistema elétrico quanto os efeitos na população. Independentemente da decisão final, o tema continuará a ser um ponto de discussão relevante nos próximos meses.

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